15 de maio de 2008

Ao fechar a mala, ainda é tempo de não partir

Ao fechar a mala, ainda é tempo de não partir. Roupas dentro, livros intercalam; par de sapatos. Depois, correr os zíperes; palma das mãos, sobre a cama, entre as peças de roupas que decidiram ficar; olhos fecham e trazem o caminho a seguir. Medo de soltar a cama, onde vive acordado também. Cama preparada, como está costumava a aguardar seu único hóspede.

Há a saudade, em pré-visão, enquanto os olhos ainda silenciam. Ainda é tempo de ficar: roupas de volta ao armário, poetas à estante, vida ao juízo, corpo à cama; certo constrangimento. Tudo passa. Os olhos voltam a acender, as mãos e ombros às alças das bagagens e o alívio de já ter passado pelas despedidas.

O avião torna ao chão – os dias correm –, o vazio das primeiras semanas é preenchido e a saudade é gostosa recordação: pode agora mandar notícias ao passado.

2 comentários:

Mariana Navarro disse...

Adoreiiiiiiiiiiiiii....
como sempre suspeita e dessa vez ainda mais.....hehehehhe....
mas gostei muito e não nego que me identifiquei bastante também......
é isso aí....
continue inspirado assim!!!
beijossssssssssssssssss

Guto Melo disse...

A saudade é uma senhora bem sacaninha. E essa mala foi armada e desarmada com muita pressa.