16 de março de 2007

O crocodilo e o ditado óbvio

Outro dia conheci um senhor que domesticou um crocodilo. Para mim bicho que se domestica é cachorro. Nem gato eu considero. Gato é bonitinho, mia pra lá, se lambe pra cá, vomita bola de pêlo; no mais, ele só convive com você, só isso. Não espere que ele pule na cabeça do ladrão para defender sua família. Mas isso não vem ao caso. Estamos falando de um crocodilo! Praticamente uma história sobre dinossauro.
O dono insistiu, pagou a conta, disse que era seguro e eu, que não estava nem aí praquele samba, fui conhecer o animal tão estimado. Confirmei minhas suspeitas logo que cheguei. O crocodilo era domesticado daquele jeito (...). O dono entrou no cercadinho, mas não ficava muito de costas praquela boca cheia de dentes. Entrava, oferecia ao anfitrião de sangue frio um frango, carne ou ração que o valha e saía andando em marcha ré. Estava há duas semanas com o animal. Explicou que havia encontrado numa estrada no interior do interior de uma cidade qualquer.
– Estava indo caçar tatu quando vi o que parecia um tronco na estrada. Ainda não tinha amanhecido direito e a luz do céu não ajudava muito, mesmo assim era melhor que a do carro. Desci da minha Variant e, quando dei com a sola do sapato para liberar a estrada, levei uma rasteira que não sei nem de onde veio.
Até este momento, eu só não estava mais vidrado na conversa porque a grade do cercadinho não inspirava a menor confiança. Mas não interrompi a explicação; ansiava por seu desfecho e ele continuou:
– Minha sorte foi que quando ele deu a rasteira, que só pode ter sido com o rabo, eu caí num pequeno barranco com uma vegetação parecida com a de manguezal quando está seco. Acho que ele ficou com preguiça de descer a atrás de mim. Lembrei que tinha no carro uma lanterna e uns barbantes. Joguei a luz no olho dele, ele ficou estático. Quando estava a meio metro de distância que fui pensar o que eu queria indo até lá. Você deve imaginar que naquele momento a história do tatu tinha ficado bem sem graça pra mim, né? – falou sorrindo. – Ainda não sabia se ia enfeitar a sala de casa com sua cabeça e fazer ensopado com sua carne, ou vendê-lo para algum excêntrico... – parou um pouco constrangido, havia percebido que tinha armado sua própria arapuca e – ainda não imaginava que o excêntrico seria eu. Cinco horas depois o bichão estava dentro da Variantizinha.
– A vá! Vamos ver se eu entendi o que você está me dizendo. Você está me dizendo que meteu o pé num crocodilo achando que era tronco; com uma lanterna de bolso e uns barbantes o rendeu e, sozinho, colocou esta besta dentro da sua Variant(!!!) e trouxe para o quintal da sua casa, é isso?
– É. – seco.
Pensei em um ensinamento, provavelmente de algum velho mestre chinês, que diz: nunca provoque um homem que sozinho já capturou, conviveu ou dormiu com crocodilos.
– Está aí uma histórias para os seus netos e bisnetos. – falei e não questionei mais um detalhe da história do adestrador.

Um comentário:

Mário disse...

ae caçula

primeiramente, valeu pela visita no meu blog..... passei por aqui ja e por que sei lá o que nao deixei meu coment maroto por aqui. o que c leu lá é o primeiro capitulo, do quarto romance que to escrevendo. sendo tres deles parte de uma serie. Entao, c quiser um trampo de agente literario, ta na mao , hehehehe

flw